O PAPEL DO PROFESSOR MEDIADOR E O PROCESSO PEDAGÓGICO INCLUSIVO NO AUTISTA
Professor Dagoberto Pinto Afonso
TÍTULO DO PROJETO
O PAPEL DO PROFESSOR MEDIADOR E O PROCESSO PEDAGÓGICO INCLUSIVO NO AUTISTA.
JUSTIFICATIVA
O Projeto denominado “O papel do professor mediador e o processo pedagógico inclusivo no autista”, busca promover a capacitação de professores da Escola Padre Libório Poersch, escola essa da rede pública do município de Herval - RS.
A realização de formações com docentes no espaço escolar é fundamental, sejam elas de forma presencial ou de modo síncrono, já que em tempos atuais a tecnologia nos permite a troca e o aprendizado com profissionais renomados de regiões diferentes da que estamos inseridos. Precisamos valorizar nossos professores e além disso promover sua capacitação e o aperfeiçoamento de sua prática para que a inclusão de fato ocorra.
O projeto é de grande relevância para os docentes de nossa escola, pois permite além da troca de experiências também momentos de reflexão sobre a inclusão, especialmente de alunos autistas. Como docentes precisamos compreender que toda uma comunidade escolar precisa pensar e agir de forma inclusiva.
OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS
Promover em parceria com a gestão escolar a capacitação dos profissionais da educação para melhor atender o aluno com Transtorno Espectro Autista – TEA.
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E como objetivos específicos:
Proporcionar a reflexão da prática docente sobre inclusão e compreender o papel do professor mediador no processo de inclusão;
Compreender as estratégias que os docentes poderão adotar para o ensino do aluno com TEA;
Sensibilizar os docentes sobre seu papel em acolher as famílias e desenvolver práticas efetivas de inclusão;
Analisar junto aos docentes os direitos dos alunos com TEA;
Identificar as práticas pedagógicas que poderão ser aplicadas e como irá ocorrer a adaptação durante o trabalho em sala de aula com o aluno com TEA.
DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA
A Escola Padre Libório Poersch faz parte da Rede Municipal de Ensino do Município de Herval - RS está localizada em um bairro de classe média, denominado Jango, atende em sua maior parte alunos dessa comunidade, sendo eles filhos de trabalhadores do comércio, pessoas em vulnerabilidade social assistidas por programas governamentais, funcionários públicos e de alguns pequenos empresários.
O projeto surge da necessidade de que os docentes da instituição de ensino possam rever sua prática docente sobre questões de inclusão, planejamento adaptado e como irá ocorrer a mediação na sala de aula, feita entre o professor, os alunos e os estagiários durante o processo de ensino e de forma inclusiva que vai desde o planejamento e estende-se durante o processo de ensino e aprendizagem e com uma avaliação final por parte dos envolvidos que irão analisar se as ações planejadas e executadas tiveram o êxito previsto e desejado.
Além dos momentos de trocas de experiências essas capacitações de aperfeiçoamento da prática docente servem para fortalecer a equipe de traballho da escola e para que haja a troca de experiências e que os professores possam relatar as ações que desenvolveram e suas percepções com os resultados obtidos.
Cabe ressaltar que durante o processo de inclusão os professores e a equipe da gestão escolar devem receber a família e/ou os responsáveis pelos alunos para uma conversa com a finalidade de extrair o maior número de informações possíveis sobre a vida do aluno, que tipo de atividades mais lhe agrada, que temas chamam mais sua atenção, se faz uso de medicação, como a família tem lidado com a questão do recebimento do laudo, a que atendimentos o aluno tem acesso, como costuma se relacionar na escola com colegas e professores, se tem restrições alimentares, enfim todas as informações possíveis e pertinentes para que a escola como um todo possa se preparar para acolher e incluir esse aluno e sua família. Além dessa entrevista com a família a escola deve solicitar pareceres dos profissionais que atendem o aluno, dos professores da escola anterior quando for o caso.
É um trabalho, respeitando as especificidades de cada um dos estudantes com TEA e que busca aperfeiçoar a prática docente e criar maneiras de acolhimento das famílias e dos alunos no processo de inclusão.
METODOLOGIA
A formação intitulada “Autismo: Eu quero aprender” ocorreu dentro do projeto “O papel do professor mediador e o processo pedagógico inclusivo no autista”, a formação foi organizada pelo professor e coordenador pedagógico Dagoberto Afonso e contou com três encontros síncronos via meet ministrado por professoras que atuam em suas práticas docentes com alunos com TEA, e que elaboram um planejamento adaptado juntamente com os professores das turmas. Os encontros ocorreram no mês de agosto conforme cronograma a seguir:
Houve a divulgação e o período de inscrições previamente ao primeiro encontro, que foi ministrado pela Professora Iracema e mediado pelo Professor Dagoberto que fez uma carta pedagógica de apresentação sobre o projeto, após a professora fez sua explanação sobre o trabalho com autistas, seus relatos de experiência e a mostra de materias adaptados, nos momentos finais abriu espaço para que os professores que participavam do encontro podessem fazer seus questionamentos.
No segundo encontro, ministrado pela professora Auristela que falou sobre a escola inclusiva, a importância do atendimento precoce da criança autista e de que as famílias vão em busca dos atendimentos.
No terceiro e último encontro com a professora Bernadete, que aponta sobre o papel do professor mediador e o processo inclusivo dos autistas, a professora pontuou sobre a importância do planejamento adaptado quando houver necessidade, sobre a elaboração do PEI – Plano Educacional Individualizado com as adaptações que o aluno necessitar, inclusive apresentou modelos de PEI e de atividades desenvolvidas em sua prática docente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este projeto busca a reflexão e o aperfeiçoamento da prática docente e permitir que haja o aprimoramento de ideias e a compreensão de inclusão na escola, nós docentes não podemos mais contribuir em mascarar a situação da inclusão, pelo contrário precisamos buscar alternativas para que ela de fato ocorra e que os estudantes estejam de fato incluídos e assim possam desenvolver seu aprendizado.
ANEXOS – DOCUMENTOS COMPROBATÓRIOS
Carta de apresentação lida no início da formação pelo mediador Dagoberto Afonso.
Autismo: eu quero aprender, mas não sozinho, quero aprender no diálogo com todos.
Herval, 17 de agosto de 2024.
Hoje damos início a uma formação do meu projeto de intervenção do Mestrado, momento esse que foi pensado com muito carinho, que em muitos momentos deu medo e fiquei inseguro. Mas por encontrar pessoas muito especiais no caminho, como a minha orientadora Ana Cristina, as ministrantes de nossos encontros professoras Iracema, Auristela e Bernadete que aceitaram esse desafio e esse momento de trocas sobre inclusão e sobre o Transtorno do Espectro Autista.
Quando pensamos em uma sociedade com menos preconceito e mais inclusão, percebemos que é na Escola que a inclusão de fato começa a acontecer, pois é no diálogo de nós professores com nossos alunos sobre empatia, respeito e colaboração que começamos a formar uma sociedade inclusiva. Na visão de Werneck (1999, p 23) a sociedade inclusiva é:
(...) uma sociedade inclusiva é aquela capaz de contemplar, sempre, todas as condições humanas, encontrando meios para que cada cidadão, do mais privilegiado ao mais comprometido, exerça o direito de contribuir com seu melhor talento para o bem comum.
Enquanto profissionais que trabalhamos com educação precisamos buscar informações, estarmos abertos ao debate e a construção de conhecimento sobre o autismo. A inclusão das crianças com autismo na escola regular, precisa de atenção de todos os envolvidos:
Para que a escola possa promover a inclusão do autista é necessário que os profissionais que nela atuam tenham uma formação especializada, que lhes permita conhecer as características e as possibilidades de atuação destas crianças. Tal conhecimento deveria ser efetivado no processo de formação desses profissionais, sobretudo dos professores que atuam no ensino fundamental (SILVA; BROTHERHOOD, 2009, p. 3).
Estamos ávidos pelo conhecimento, pela troca, pelos relatos de experiências, nós que pensamos educação, que somos parte do cenário da inclusão, precisamos desses momentos, eles nos fortalecem nos encorajam e nos permitem criar impulso para continuar.
Cada vez mais fará parte de nosso cotidiano escolar a presença de alunos com TEA, e quando ficamos sabendo da notícia que eles estarão em nossas turmas, é notória a nossa preocupação, a nossa ansiedade o quanto ficamos inseguros, e o
que nos fortalece são as palavras de apoio de nossos colegas, o ombro amigo para desabafar, pois a sensação que temos é que a escola está sozinha nessa empreitada, que toda a rede de apoio que deveria estar presente não está, e que mais uma vez recai sobre a escola a tarefa árdua da inclusão. Assim citam...
Quando não há ambiente apropriado e condições adequadas à inclusão, a possibilidade de ganhos no desenvolvimento cede lugar ao prejuízo para todas as crianças. Isso aponta para a necessidade de reestruturação geral do sistema social e escolar para que a inclusão se efetive (CAMARGO; BOSA, 2009, p. 70).
Como dizem uma andorinha não faz verão, mas nós professores, nós educação temos feito o verão da inclusão, claro que não como sonhamos, como desejamos, como esperamos que ela realmente seja, mas como bons professores, temos tirado da cartola ou temos ido buscar em outras cartolas a forma, não a receita, mas os meios e as tentativas de acolher e de incluir nossos alunos. Porque é de nossa profissão fazer o diferencial na vida dos seres humanos, não para ganhar notoriedade, mas para que a jornada seja ao menos mais fácil.
Desejo que nossa viagem seja de troca de conhecimentos, que todos os passageiros dessa formação se sintam acolhidos e fortalecidos quando chegarmos à última parada. Acordar sábado pela manhã, após uma exaustiva semana de trabalho com quarenta ou sessenta horas é para os fortes e guerreiros e nós somos. É para aqueles que estão comprometidos com a inclusão e a educação de todos. A cada ano letivo que se inicia temos novos desafios para superar e nós estamos prontos? Não, claro que não, mas estamos dispostos, inseguros, sim faz parte de nossa vida que tudo que é novo nos tire da zona de conforto e ao menos nos faça repensar nosso modo de agir, de abordar, de acolher.
Nós professores recebemos os alunos autistas em nossa sala e em nossa escola e junto com eles toda uma família e uma história de vida, essas famílias devem estar conscientes de sua importância na participação do desenvolvimento desse aluno. A família, os responsáveis por essa criança precisam saber do seu papel, dos seus direitos e garantias e juntos com a escola serem parceiros por fazer cumprir o que é de direito.
Esta é uma carta de apresentação de nossa formação, que ocorrerá em três momentos síncronos, permitam-me dialogar com vocês o porque da escolha de uma carta pedagógica, em um componente do mestrado durante as aulas da professora Ana Cristina, trabalhamos sobre cartas pedagógicas, nós alunos escrevemos cartas para nossos colegas e as apresentamos em um sarau, foi um momento muito importante e de reflexões para todos nós, a professora Juliana Machado, dizia que foi naquele momento em que todos nós resolvemos que o produto de intervenção do mestrado seriam cartas pedagógicas. Mas o que são castas pedagógicas? Podemos dizer que são instrumentos, são meios de reflexão e de escrita, que nelas podemos traçar possibilidades para avaliar o processo de ensino-aprendizagem.
Cartas Pedagógicas são um convite ao diálogo que deve ser comprometido com a transformação social. Para Brandão (2009) como para Freire (1987) o diálogo é:
O diálogo e a reflexão a respeito dessas questões permanecem relevantes também na atualidade, na medida em que compreendemos que a Educação Popular ainda não cumpriu a sua intenção: a de propiciar a humanização e a libertação dos sujeitos que sofrem com as opressões políticas, econômicas e culturais. É essa proposta que nos motivou, e continua nos motivando, a realizar e consolidar ações e procedimentos para fortalecer as iniciativas populares da sociedade civil, considerando a diversidade e a particularidade dos envolvidos, para enfrentar as opressões e as restrições impostas pelo Estado brasileiro e pela estrutura e dinâmica da sociedade contemporânea. (BRANDÃO, 2009, p. 10-11).
O que entendemos por carta pedagógica, afinal o que é? O que a diferencia de uma carta pessoal, por exemplo? Inicialmente podemos dizer que carta pedagógica estimula reflexões da prática de quem as escreve, exige um compromisso e vai haver nela uma intencionalidade, é um movimento é uma disposição ao diálogo, além de informar e noticiar também permite reflexões, como assim pontua Dickmann (2020, p. 43) “A Carta pedagógica é como uma mensageira que pode portar notícias, informações, mensagens e reflexões, abre infinitas possibilidades de produção de conhecimento.”
As cartas pedagógicas como ferramenta de pesquisa possibilita a construção de um entrosamento entre os sujeitos que participam dessa produção, é a provocação para um diálogo. Segundo Camini (2012), uma Carta Pedagógica necessita interagir, comunicar e provocar um diálogo pedagógico. essas cartas produzidas são consideradas documentos de um marco temporal e de uma pesquisa participativa, sobre um determinado problema que contará com sua experiência pessoal e profissional e suas propostas ou recomendações.
Ao final desses encontros os participantes serão convidados a enviar uma carta pedagógica ao coordenador desta formação e a orientadora, como forma de avaliação dos encontros e com sugestões, comentários, críticas enfim todo um apanhado desses momentos. Por fim o coordenador da formação fará uma carta resposta final a todos os participantes.
Para finalizar desejo que nossas manhãs de sábados sejam como um botão de rosa que tímido começa a se abrir para logo espalhar seu perfume quando as pétalas surgirem. Que sejam momentos de trocas e de compartilharmos todas as nossas vivências. E que ao final as pétalas não fiquem murchas, mas que atraiam beija-flores para alegrarem nossos dias e nos darem esperança de continuarmos firmes com nossa bandeira da inclusão.
Obrigado. Dagoberto Afonso.
Referências
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Cultura rebelde: escritos sobre a Educação Popular ontem. São Paulo: Editora e Livraria Instituto Paulo Freire, 2009.
CAMARGO, Pimentel Höher; BOSA, Cleonice Alves. Competência social, inclusão escolar e autismo: revisão crítica da literatura. Psicologia & Sociedade, v. 21, n. 1, p. 65-74, 2009. Disponível em: . Acesso em: 10 mar. 2015.
CAMINI, Isabela. Cartas pedagógicas: aprendizados que se entrecruzam e se comunicam. Porto Alegre: ESTEF, 2012.
DICKMANN, Ivanio. As dez características de uma carta pedagógica. In: PAULO, Fernanda dos Santos; DICKMANN, Ivo. (Orgs.) Cartas pedagógicas: tópicos epistêmico-metodológicos na educação popular. 1 ed. Chapecó: Livrologia, 2020. (Coleção Paulo Freire, v. 2).
SILVA, Maria do Carmo Bezerra de Lima; BROTHERHOOD, Rachel de Maya. Autismo e inclusão: da teoria à prática. In: V ECPP, Maringá, out. 2009. In: BATTISTI, Aline Vasconcelo; HECK, Giomar Maria Poletto. A Inclusão Escolar de Crianças com Autismo na Educação Básica: Teoria e Prática. Universidade Federal da Fronteira Sul. Campus de Chapecó, 2015. Disponível em:<https://rd.uffs.edu.br/bitstream/prefix/1251/1/BATTISTI%20e%20HECK.pdf> . Acesso em 15 de agosto de 2024.
Imagens dos encontros síncronos via meet da Formação:
Autismo: Eu quero aprender.

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