“PAMPA: CULTURA E SABERES”
Professora Juliana Pereira Schelee
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Nome do projeto: “Pampa: cultura e saberes”
Instituição: Escola Municipal de Ensino Fundamental Ernesto Che Guevara.
Data: início de agosto até encerramento do ano letivo.
Público alvo: estudantes das séries iniciais e finais do Ensino Fundamental da Escola Che Guevara.
Professores envolvidos: todos os professores das séries iniciais, professora de Cultura, Saberes e Cidadania, Juliana Schlee.
JUSTIFICATIVA
Justificamos tal projeto, considerando que a Escola M.E.F. “Ernesto Che Guevara” tem como filosofia uma escola que respeita a vida, a diversidade cultural, através do diálogo e da descoberta de novas relações sociais e interpessoais no decorrer do processo educativo. Visto que este projeto celebra a cultura e saberes pampeanos vivenciados pelos estudantes.
Além disso, justificamos que o projeto se alinha com os objetivos do Projeto Político Pedagógico (PPP), na qual a escola almeja ampliar permanentemente o conhecimento a respeito do mundo, natureza, cultura, amparadas por uma estratégia pedagógica apropriada; assim como, conhecer os modos próprios de vida no campo como fundamentais para construção da identidade das crianças que moram no território rural; além disso, ter vínculo com a realidade das populações rurais, suas culturas, tradições, identidades assim como a prática ambientalmente sustentável.
Diante destes pressupostos, justificamos que este projeto desenvolve diferentes oficinas que visam fortalecer as relações humanas com o pampa, buscando difundir um sentimento de pertencimento ao pampa, sua cultura e seus saberes.
OBJETIVO GERAL
Tecer teias educativas que valorizem a cultura e os saberes que envolvem o território pampeano.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Realizar oficinas/palestras que envolvem a cultura e os saberes sobre o pampa sensibilizando os estudantes através do sentimento de pertencimento ao lugar que vivem;
Conhecer a sociobiodiversidade do Bioma Pampa e seus múltiplos olhares;
Desenvolver atividades práticas culturais sobre a arte pampeana como por exemplo guasqueria e o artesanato em lã natural;
Promover a cultura pampeana através de músicas, literatura, fotografias, documentários;
Valorizar as matrizes indígenas e africanas na formação do ser pampeano;
Compreender os usos de plantas medicinais, nativas e as utilizadas na cultura pampeana como por exemplo a erva mate e o porongo.
DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA
A compreensão da temática “Pampa” trazida neste projeto busca múltiplos olhares para este território, envolvendo a cultura, saberes, arte, história e o ambiente. O pampa possui uma delimitação geográfica como bioma, estendendo-se nos três países da América do Sul - cerca de dois terços do Estado do Rio Grande do Sul, as províncias argentinas de Buenos Aires, La Pampa, Santa Fé, Entreríos e Corrientes e a República Oriental do Uruguai (SUERTEGARAY; SILVA, 2009). Como mostra a imagem abaixo:
Figura 1. Mapa geográfico do Bioma Pampa.
Fonte: SUERTEGARAY; SILVA, 2009.
Neste espaço geográfico, ao abranger estes países para além das fronteiras, o pampa é mais do que uma dicotomia entre natureza e cultura, vemos o quanto a mescla entre os aspectos culturais e naturais contribuem na formação do ser pampeano, compartilhando sua cultura e os saberes sobre esse território.
Nesse sentido, o pampa passa a ser compreendido por nós como um território inventado, fabricado, constituído de histórias, de significações e de experiências vivenciadas, preenchido de pessoas e de paisagens naturais-culturais que vem fortemente fabricando sujeitos, modos de viver e de ser. (SCHLEE, 2019b, p. 21).
Através da cultura que as significações e experiências aproximam os estudantes com o lugar em que vivem, assim como os modos de ser e viver no pampa. Para além das tradições e costumes, vemos o quanto o pampa é re- significado constantemente através da cultura, da culinária, da arte, do mate diariamente e das lidas campeiras. “Um misto de espaço, de paisagem, de vegetação, de cultura e de história, como espaço sociocultural, uma paisagem cultural”. (SCHLEE, 2019b, p.25).
Segundo o escritor Aldyr Schlee no Dicionário da Cultura Pampeana Sul- rio-grandense (2019) o pampa pode ser considerado como um palco na formação do gaúcho, figura humana característica da vida pampeana
constituído na relação histórica e cultural com as paisagens naturais e as lidas campeiras:
PAMPA (BRAS.) S.m. – Grande extensão de campo raso e plano, com pouca vegetação arbórea, constituído principalmente por pastagens e característico da região meridional do Rio Grande do Sul. O pampa todo, entretanto, ocupa as planícies dominadas pelo rio da Prata e seus afluentes imediatos, tanto em território argentino e uruguaio como brasileiro. Compreende as províncias litorâneas da Argentina (de Buenos Aires a Corrientes), todo o território do Uruguai, além da metade Sul do Rio Grande do Sul, chamada de modo amplo de campanha sul-rio-grandense (DS, JH, AM, SL, DA, RG, FP, IP). HIST: nessa região da América austral ocorreu, de forma rara, uma extraordinária proliferação de gado nos campos e, desde o séc. XVII, desenvolveu-se ali a prática de captura de animais bovinos e equinos, seguida da criação extensiva desses animais, de modo a que se forjasse nessas atividades, com seus costumes, usos e particularidades, uma figura humana característica da vida pampeana e campeira: o gaúcho, tipo original e único entre os pastores de gado de todo o mundo. [...] (SCHLEE, 2019a, p. 686).
Na lida campeira o gaúcho, ser pampeano, foi aprendendo a lidar com o frio, com as distâncias, com a lida com o gado chucro e cavalos selvagens. Assim foi aprendendo a arte da guasqueria, criando seus próprios aperos e ferramentas de trabalho. São saberes pampeanos formados ao longo de séculos essenciais para a sobrevivência no pampa.
Um saber fazer surgido no pampa, quando ainda não haviam fronteiras definidas e que carrega em suas origens a mescla cultural herdada de colonizadores e povos originários que habitavam a região pampeana. O próprio gaúcho, não o gentílico, mas aquele que se formou em meados do séc. XVIII, pela natureza rude de sua vida, foi por vezes apelidado de guasca, que no dialeto quéchua, significa pedaço ou tira de couro. ( SCHLEE; SOUZA, 2022, p. 21)
Neste projeto, o pampa e seus múltiplos saberes são valorizados, para além das tradições e costumes, buscamos aproximar o viver no pampa, o conviver e o produzir com e para o pampa, enaltecendo a relação de pertencimento ao lugar que os estudantes vivem. Sob o aporte teórico de Jorge Larrosa ( 2002) desenvolvemos este projeto pedagógico no intuito de provocar uma experiência/sentido, mais do que uma teoria/prática.
O que vou lhes propor aqui é que exploremos juntos outra possibilidade, digamos que mais existencial (sem ser existencialista) e mais estética (sem ser esteticista), a saber, pensar a educação a partir do par experiência/sentido. (LARROSA, 2002, p. 19).
A experiência como possibilidade dos estudantes vivenciarem cada oficina, passeio e palestra sensibilizando-os para conviver com a
sociobiodiversidade pampeana ampliando assim seus múltiplos olhares para o lugar em que vivem.
METODOLOGIA
O projeto foi desenvolvido por atividades como: oficinas, palestras, aulas-passeio e exposições. Foram realizadas até o presente momento:
Oficina Sentimento Pampenano “Eu indo ao Pampa, o Pampa indo em mim”
Ministrada pela professora Juliana Schlee Data 06.08.24
Oficina Aperos crioulos: a arte no pampa Ministrada pela professora Juliana Schlee Data: 13.08.24
Aula-passeio Dia do Patrimônio em Pedras Altas Organizada pela diretora Angela e professora Juliana Data: 16.08.24
Palestra “A identidade do gaúcho” Ministrada pelo Prof. Lizandro Araújo Data: 20.08.24
Oficina Medicina Campeira: plantas curativas do pampa.
Ministrada por Marília Gonçalves Data: 27.08.24
Oficina Florestas Pampeanas: conhecer para preservar e conservar
Ministrada pelo Biólogo José Milton Schlee Jr. Data: 03.09.24
Oficina Chimarrão: múltiplos saberes pampeanos
Ministrada pela professora Juliana Schlee Data: 10.09.24
Oficina Árvores nativas do Pampa Ministrada pela professora Juliana Schlee Data: 17.09.24
Ronda na Semana Farroupilha Local: Escola Corinto Avila Escobar Data: 19.09.24
Exposições:
Exposição “Olhares Pampeanos”
Turmas: 6º e 7º ano.
Exposição “Saberes pampeanos”
Turma: 8º e 9º ano
As avaliações foram realizadas ao longo do projeto, principalmente através da participação dos estudantes socializando suas vivências e conhecimentos sobre o assunto tratado.
RELATÓRIO
O projeto “Pampa: cultura e saberes” teve início em agosto de 2024, onde foram realizadas diferentes atividades pedagógicas até o momento. A primeira oficina foi ministrada pela professora Juliana Schlee, intitulada Sentimento Pampenano “Eu indo ao Pampa, o Pampa indo em mim”, no dia 6 de agosto. Essa oficina teve como objetivo sensibilizar os estudantes através da arte com músicas e imagens para estimular um sentimento de pertencimento ao pampa.
Figura 2. Oficina Sentimento Pampenano “Eu indo ao Pampa, o Pampa indo em mim” com a professora e os estudantes do 6º ao 9º ano.
No primeiro momento da oficina realizamos uma conversa inicial aproximando a temática dos alunos, com o auxílio de banners sobre o bioma Pampa do projeto Florestas Pampeanas (GEAN), suas paisagens e sua cultura. No segundo momento escutamos a música do músico Vitor Ramil “Indo ao Pampa”.
[...] E lá vamos nós Seguindo a frente fria Pampa a dentro e através
Séculos XIX e XXI fundidos sob o céu
Que estende tanta luz No campo rubro a meus pés
Eu acho que é bem
Eu indo ao pampa O pampa indo em mim
(Vitor Ramil)1
Após os alunos comentarem sobre a música, a professora colocou as palavras “Pampa”, “Cultura”, “Saberes” sobre a mesa com os estudantes ao redor, solicitando para que eles relacionassem as fotografias e imagens com essas palavras, realizando assim, uma discussão em grupo sobre o pampa, a cultura e os saberes que o envolvem. Essas fotografias foram tiradas quando os estudantes do nono ano estavam no quarto ano nesta escola, assim eles também se identificaram nas fotos e nas lidas campeiras e com lugares que vivem.
Figura 3. Oficina Sentimento Pampenano “Eu indo ao Pampa, o Pampa indo em mim” estudantes das turmas 4º, 5º, 6º, 7º, 8º e 9º ano classificando as imagens com as palavras.
Fonte: arquivo pessoal (2024).
Figura 4. Oficina Sentimento Pampenano “Eu indo ao Pampa, o Pampa indo em mim” com os estudantes do 1º, 2º, 3º ano.
A segunda oficina intitulada Aperos crioulos: a arte no pampa foi ministrada pela professora Juliana Schlee no dia 13 de agosto. Essa oficina teve por finalidade compreender através do estudo e pesquisa as dimensões históricas, culturais e artísticas na produção dos aperos crioulos, utilizado no dia-a-dia dos estudantes nas atividades campeiras e no lazer.
No primeiro momento assistimos ao episódio “A arte do Guasqueiro no Apero Crioulo”2 produzido por Rodrigo Lobato Schlee e Fernanda Valente Souza. Esse episódio faz parte série documental “O Ofício dos Guasqueiros e a arte gaúcha do couro”. Segundo os produtores:
Neste vídeo, são abordadas as aplicações da arte da guasqueria na produção do “apero crioulo”, como são chamados os arreios gaúchos. A tela principal onde os guasqueiros encontram um campo infinito de possibilidades para expor a sua arte e criatividade, através das muitas técnicas deste ofício tradicional.
Após assistir o vídeo, os estudantes do nono ano, Kauã e Diogo, levaram seus próprios aperos para esta oficina. Neste momento realizamos a observação e pesquisa sobre o apero crioulo: materiais utilizados, trançados, arte, partes que o compõe. Além disso, também foi realizada a montagem para a montaria no cavalo utilizando como apoio uma classe da sala de aula. Para a pesquisa utilizamos o livro "Guasqueiro e a arte gaúcha do couro no apero crioulo” (2022), escrito pelos autores do vídeo, Rodrigo e Fernanda.
Figura 5. Oficina “Aperos crioulos: a arte no pampa” com os estudantes do 8º e 9º ano.
Fonte: arquivo pessoal (2024).
Figura 6. Oficina “Aperos crioulos: a arte no pampa” com os estudantes do 8º e 9º ano.
Figura 7. Oficina “Aperos crioulos: a arte no pampa” com os estudantes do 6º e 7º ano.
Fonte: arquivo pessoal (2024).
Figura 8. Oficina “Aperos crioulos: a arte no pampa” com os estudantes do 6º e 7º ano.
Fonte: arquivo pessoal (2024).
Figura 9. Oficina “Aperos crioulos: a arte no pampa” com os estudantes do 4º e 5º ano.
Fonte: arquivo pessoal (2024).
Figura 10. Oficina “Aperos crioulos: a arte no pampa” com os estudantes do 4º e 5º ano.
Figura 11. Oficina “Aperos crioulos: a arte no pampa” com os estudantes do 1º,2ºe 3º ano.
Fonte: arquivo pessoal (2024).
No dia 16 de agosto os estudantes do ensino fundamental (séries finais) realizaram a aula-passeio até o município de Pedras Altas, para prestigiar o Dia do Patrimônio organizado pela Associação de Turismo de Pedras Altas – ATUPA. Essa excursão envolveu a Secretaria Municipal de Educação (Herval/RS), onde foram ofertados transportes escolares para todos os estudantes da rede municipal de ensino fundamental – séries finais.
Os estudantes da Escola Che Guevara na ocasião puderam ver uma Mostra de artesanatos em lã da Casa do Artesanato (Pedras Altas), assim como a Mostra itinerante de Guasqueria de Rodrigo Lobato Schlee e Fernanda Valente de Souza autores do livro “Guasqueiro: a arte gaúcha do couro no apero crioulo”, na sede do Sindicato Rural de Pedras Altas. Além disso, foi oferecido lanche e degustação de chá gelado feito de erva mate e bergamota.
Figura 12. Imagem da programação do evento “Dia do Patrimônio”.
Figura 13. Estudantes apreciando a mostra de artesanato em lã natural.
Fonte: Arquivo pessoal, 2024.
Figura 14. Fernanda Valente de Souza mostrando os trabalhos de guasqueria.
Figura 15. Mostra de Guasqueria: ferramentas do guasqueiro.
Fonte: Arquivo pessoal, 2024.
Figura 16. Estudantes lanchando no pátio do Sindicato Rural em Pedras Altas.
Figura 17. Estudantes, monitoras, professores, na excursão para Pedras Altas.
Fonte: Arquivo pessoal, 2024.
Figura 18. Excursão da Escola Che Guevara na Praça Central de Pedras Altas.
Figura 19. Excursão da Escola Che Guevara na antiga Estação Férrea de Pedras Altas.
Fonte: Arquivo pessoal, 2024.
Na excursão, fomos muito bem recebidos pela equipe da Associação de Turismo de Pedras Altas (ATUPA), em especial a professora Renata Schlee que conversou com os estudantes sobre a importância do patrimônio material e imaterial que possuímos aqui no pampa, como por exemplo, os saberes que envolvem a guasqueria e o artesanato em lã.
Na mostra de artesanato em lã, as artesãs da Casa do Artesanato falaram das etapas dos trabalhos em lã, demonstrando uma gama imensa de produtos que podem ser feitos com a lã, como exemplo: feltragem, boinas, mantas, palas, ponchos. Na mostra de guasqueria, os estudantes puderam conhecer os autores do livro “Guasqueiro: a arte gaúcha do couro no apero crioulo” que estudaram, pesquisaram sobre os aperos crioulos na segunda oficina realizada neste projeto. Alguns alunos adquiriram o livro. Os autores Rodrigo e Fernanda mostraram objetos históricos e que contam um pouco da lida campeira e da arte de fazer com couro cru as ferramentas de trabalho do gaúcho, como o laço, a boleadeira, os aperos crioulos e outros utensílios criados a partir do modo de ser e viver no pampa.
Ainda, nesta excursão caminhamos com os estudantes por pontos históricos de Pedras Altas, como a Praça Central e a Estação Férrea. Avaliamos que os estudantes compreenderam a importância do patrimônio material e imaterial da nossa região, valorizando os saberes pampeanos, a nossa cultura e história.
No dia 20 de agosto de 2024 foi realizada nas salas de aula a palestra “A identidade do gaúcho” pelo professor de história e geografia, Prof. Lizandro Araújo. Com esta palestra tivemos como finalidade que os estudantes compreendessem que a identidade do gaúcho é formada pelo encontro de muitas culturas e povos, como os indígenas, os africanos, os espanhóis e os portugueses mesclando-se seus costumes, vestimentas, alimentação e modos de trabalho e lazer.
No primeiro momento, o professor Lizandro construiu um mural com diferentes imagens na construção da identidade do gaúcho ilustrando assim a sua fala e interagindo com os estudantes.
Figura 20. Palestra “A Identidade do gaúcho” com Prof. Lizandro nas séries finais do ensino fundamental.
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Fonte: Arquivo pessoal, 2024.
Figura 21. Palestra “A Identidade do gaúcho” com Prof. Lizandro nas séries iniciais do ensino fundamental.
Fonte: Arquivo pessoal, 2024.
Em um segundo momento, o professor Lizandro realizou uma atividade lúdica onde os estudantes das séries iniciais montaram um quebra-cabeças com a imagem do gaúcho e pintaram e recortaram crachás com os símbolos e cores do Rio Grande do Sul.
Figura 22. Palestra “A Identidade do gaúcho” com Prof. Lizandro nas séries iniciais do ensino fundamental.
Fonte: Arquivo pessoal, 2024.
Figura 23. Montagem do quebra-cabeça e crachás junto com Prof. Lizandro..
A Oficina “Medicina Campeira: plantas curativas do pampa” foi realizada no dia 27 de agosto, ministrada pela Marília Gonçalves, mãe do aluno Ernesto e agricultora familiar, possui amplo conhecimento das plantas medicinais do pampa. O principal foco desta oficina foi a importância da medicina campeira através do conhecimento científico e popular das plantas medicinais nativas do pampa, através de atividades práticas de identificação, plantio e destilação de hidrolatos e óleos essenciais.
No primeiro momento desta oficina, foi realizada uma conversa com os estudantes sobre as plantas medicinais e seu amplo uso na medicina campeira, identificação de aromas de plantas através dos óleos essenciais produzidos pela Marília.
Figura 24. Oficina “Medicina Campeira: plantas curativas do pampa”. (8º e 9º ano)
Fonte: Arquivo pessoal, 2024.
Figura 25. Oficina “Medicina Campeira: plantas curativas do pampa”. (6º e 7º ano)
Fonte: Arquivo pessoal, 2024.
Figura 26. Oficina “Medicina Campeira: plantas curativas do pampa”. (4º e 5º ano)
Figura 27. Oficina “Medicina Campeira: plantas curativas do pampa”.
(1º, 2º e 3º ano)
Fonte: Arquivo pessoal, 2024.
Após, houve uma conversa sobre a técnica de destilação das plantas medicinais. Os estudantes neste momento montaram um grande quebra- cabeça do destilador com etapas da destilação interativas.
Figura 28. Montagem do quebra-cabeça de Destilador de Plantas Medicinais.
Fonte: Arquivo pessoal, 2024.
Figura 29. Montagem do quebra-cabeça de Destilador de Plantas Medicinais.
Fonte: Arquivo pessoal, 2024.
Figura 30. Montagem do quebra-cabeça de Destilador de Plantas Medicinais.
Fonte: Arquivo pessoal, 2024.
Nesse momento a professora Juliana também resgatou conhecimentos que os alunos aprenderam na aula de ciências, como as técnicas de separação de misturas e os tipos de misturas (Homogênea e Heterogênea). Para isso,
houve a demonstração da técnica de separação do óleo essencial e do hidrolato através do uso do “Balão de Separação” usando água e óleo de cozinha.
No final desta oficina, com as turmas do 1º, 2º e 3º ano realizamos a observação das plantas medicinais presentes no Jardim Sensorial em frente a escola, também houve o plantio de mudas de morangueiro (no pneu destinado ao PALADAR) e de manjerona (no pneu destinado ao OLFATO).
Figura 31. Plantio e observação no Jardim Sensorial (1º/2º/3º anos).
Fonte: Arquivo pessoal, 2024.
Figura 32. Plantio e observação no Jardim Sensorial (1º/2º3º anos).
Fonte: Arquivo pessoal, 2024.
Figura 33. Diretora Angela e Prof. Juliana em agradecimento à Marília pela oficina.
A Oficina Florestas Pampeanas: conhecer para preservar e conservar, foi ministrada pelo Biólogo José Milton Schlee Jr. (casado com a professora Juliana) no dia 03 de setembro na biblioteca da escola. Ele atua em pesquisas no pampa há 25 anos, tendo um vasto conhecimento da biodiversidade das plantas nativas, avifauna e mamíferos que habitam o pampa. As pesquisas realizadas são divulgadas no You Tube, no Blog e no Instagram com o nome do projeto Florestas Pampeanas3. O projeto Florestas Pampeanas faz parte de uma das ações do Grupo Ecológico Amantes da Natureza ( GEAN).
Nesta oficina valorizamos a importância da preservação e conservação da biodiversidade do bioma pampa, destacando o corredor de biodiversidade de animais e aves do sul do Rio Grande do Sul para o território uruguaio.
No primeiro momento, realizamos uma: apresentação de slides (em anexo) sobre a biodiversidade pampeana, assim como pesquisas realizadas em conjunto com pesquisadores uruguaios “REGISTROS DE LA PRESENCIA DEL YAGUARUNDÍ (Puma yagouaroundi) (Mammalia:Felidae) EN EL URUGUAY Y EN EL SUR DE RIO GRANDE DEL SUR, BRASIL” (PRIGIONI et al, 2020) “APORTES SOBRE LA PRESENCIA DEL TUCAN GRANDE
Ramphastos toco (Piciformes: Ramphastidae) EN EL URUGUAY Y EN EL SUR DE RIO GRANDE DO SUL, BRASIL” (LEON et al, 2020).
No segundo momento, houve uma apresentação de uma sequência de vídeos de animais nativos encontrados através das armadilhas trap na propriedade do aluno Ernesto (6º ano). As armadilhas trap são utilizadas para filmar os animais no seu ambiente natural, sem intervenção. Elas são acionadas através do movimento e do calor do animal. Para a instalação são escolhidos locais como trilhas dos animais, principalmente próximo à uma fonte água como as sangas. O vídeo pode ser visualizado no canal do You Tube Florestas Pampeanas4.
3 Blog: https://florestaspampeanas.blogspot.com/; You Tube: https://www.youtube.com/@FlorestasPampeanas; Instragram: @florestaspampeanas
4 https://youtu.be/erLMEDN8p-g?si=S5JlkcFJl9CtfRlr
Figura 34. Oficina Florestas Pampeanas: conhecer para preservar e conservar (8º e 9º ano).
Fonte: Arquivo pessoal, 2024.
Figura 35. Oficina Florestas Pampeanas: conhecer para preservar e conservar (6º e 7º ano).
Figura 36. Oficina Florestas Pampeanas: conhecer para preservar e conservar (séries iniciais).
Fonte: Arquivo pessoal, 2024.
Na oficina também os estudantes observaram os moldes em argila de pegadas de veado, tatu e capivara, assim como os contramoldes em gesso. Nas séries inicias, as crianças brincaram de fazer as pegadas utilizando os contramoldes de gesso em uma caixa de areia, assim como com o jogo da memória com as aves e mamíferos da região feitos para o projeto Florestas Pampeanas. Ao final, todos os estudantes receberam folders do projeto produzido em parceria com o Conselho Municipal de Meio Ambiente de Arroio Grande.
Figura 37. Pegadas observadas na Oficina Florestas Pampeanas.
Fonte: Arquivo pessoal, 2024.
Figura 38. Oficina Florestas Pampeanas: conhecer para preservar e conservar.
Estudantes brincando com os jogos de memória (séries iniciais).
Fonte: Arquivo pessoal, 2024
Figura 39. Diretora Angela e Prof. Juliana agradecendo pela oficina ao Biólogo José Milton
A oficina Chimarrão: múltiplos saberes pampeanos foi ministrada pela prof.ª Juliana no dia 10 de setembro. E teve como objetivo compreender os múltiplos saberes pampeanos que envolvem o ato de tomar mate, através da produção da erva mate, o modo de preparo do chimarrão, o artesanato em porongo para a confecção da cuia, o trabalho artesanal de confecção da bomba, além disso, a lenda de origem guarani da erva mate
No primeiro momento, escutamos a música “Chimarrão”5 de Vitor Ramil, resgatando o conhecimento dos alunos sobre o modo de preparo do mate e também os saberes que envolvem o ato de tomar mate. Os estudantes realizaram uma breve pesquisa na internet sobre os benefícios de tomar mate diariamente.
Em seguida, os estudantes realizaram a leitura coletiva sobre artesanato em porongo do livro “Riquezas Culturais do Brasil: Arte” (4º ano, FTD, p. 34- 35), após assistimos ao vídeo “Caminhos do Chimarrão”6 produzido pelo canal SBT no You Tube. Ampliando nossos olhares sobre os múltiplos saberes que envolve o ato de tomar mate: o artesanato em porongo para fazer as cuias, o trabalho de prateiro para fazer as bombas, entre outros.
A produção de cuias artesanais com esse fruto precisa ser preservada, pois, além de ser a fonte de renda de muitas famílias sulistas, também fornece um sabor especial à bebida. Acredita-se que quando o chimarrão é feito em uma cuia de porongo produzida artesanalmente, fica muito mais saboroso. (FTD, p. 35).
No terceiro momento, os estudantes realizaram a leitura coletiva da Lenda da Erva Mate do livro “Riquezas Culturais do Brasil: Lendas” (3º ano, FTD, p. 30-31), essa lenda tem origem guarani assim como o costume de tomar mate. Após fizeram trabalho avaliativo de interpretação dos textos e sobre os saberes que envolve o chimarrão.
Ao final da oficina, os estudantes das séries iniciais desenharam com o dedo em uma bandeja de papel com erva mate envolvendo os conhecimentos da oficina com uma atividade sensorial.
5 https://youtu.be/n7bbfgUjKUk?si=zUmM8GFBCY-KOCqa
6 https://youtu.be/VI4ZKR6-984?si=We7RLJNf_2inrMWD
Figura 40. Oficina Chimarrão: múltiplos saberes pampeanos (8º e 9º ano).
Fonte: Arquivo pessoal, 2024.
Figura 41. Oficina Chimarrão: múltiplos saberes pampeanos (6º e 7º ano).
Figura 42. Oficina Chimarrão: múltiplos saberes pampeanos (4º e 5º ano).
Fonte: Arquivo pessoal, 2024.
Figura 43. Atividade Sensorial utilizando a erva-mate (séries iniciais).
Figura 44. Atividade Sensorial utilizando a erva-mate (séries iniciais).
Fonte: Arquivo pessoal, 2024.
A oficina Árvores nativas do Pampa foi realizada no dia 17 de setembro pela prof.ª Juliana com a finalidade de fortalecer a compreensão da importância de preservar as matas e campos nativos como contraponto às queimadas realizadas no Brasil, sentidas aqui no extremo sul através da fumaça e da chuva preta nos últimos dias. No dia 21 de setembro é comemorado o Dia da Árvore.
No início a professora foi questionando os alunos sobre algumas espécies de árvores nativas da nossa região através de galhos coletados, perguntando seus nomes populares e usos. Após essa etapa, houve a apresentação de slides (Em anexo) sobre as árvores nativas, sua importância e os problemas que ocorrem com a fragmentação das florestas.
No final desta oficina os estudantes das séries finais do ensino fundamental plantaram de mudas de butiás. O butiá é uma espécie nativa, com grande potencial produtivo, ornamental e considerada uma espécie-chave na conservação da biodiversidade no pampa. Os estudantes das séries iniciais realizaram impressões botânicas da casca e das folhas da árvore de Anacauíta em frente à escola, utilizando papel e giz de cera.
Figura 45. Oficina Árvores nativas do Pampa: plantio de butiá com as turmas 8º e 9º ano..
Fonte: Arquivo pessoal, 2024.
Figura 46. Oficina Árvores nativas do Pampa: plantio de butiá com as turmas 6º e 7º ano..
Figura 47. Oficina Árvores nativas do Pampa: impressão botânica com as turmas 4º e 5º ano.
Fonte: Arquivo pessoal, 2024
Figura 48. Oficina Árvores nativas do Pampa: impressão botânica com as turmas 4º e 5º ano.
Fonte: Arquivo pessoal, 2024
Figura 49. Oficina Árvores nativas do Pampa: impressão botânica com as turmas 1º, 2º e 3º ano.
Fonte: Arquivo pessoal, 2024
Figura 50. Oficina Árvores nativas do Pampa: impressão botânica com as turmas 1º, 2º e 3º ano.
No dia 19 de setembro a Escola Che Guevara foi convidada a participar na Vila do Basílio, na Escola Estadual Corinto Avila Escobar para a Ronda da Semana Farroupilha. Os estudantes participaram de atividades artísticas e culturais: com apresentações estudantis de dança, música, declamação, Vaca parada, além disso, foi servido um almoço gaúcho e lanche da tarde com “Roda de carreta”.
Nossa escola realizou a apresentação do coral dos alunos organizado pelo prof Lizandro, com a música “Hino ao Rio Grande”, além disso, o estudante Willian Silva Costa do 4º ano, realizou a declamação da poesia “Meu chimarrão”.
. Figura 51. Apresentação do coral da Escola Che Guevara.
Fonte: Arquivo pessoal, 2024
. Figura 52. Apresentação do coral da Escola Che Guevara.
Fonte: Arquivo pessoal, 2024
. Figura 53. Apresentação do estudante Willian (4º ano)
No projeto “Pampa: cultura e saberes” foi organizado duas exposições envolvendo os alunos das séries finais do ensino fundamental: a Exposição “Olhares Pampeanos” e a Exposição “Saberes Pampeanos. Essas exposições estão expostas no corredor da Escola Che Guevara e poderá ser levada a outro ambientes e instituições. As Exposições estão em anexo.
Exposição “Olhares Pampeanos” (Turmas: 6º e 7º ano).
A exposição conta com 10 fotografias tiradas pelos estudantes a partir de um dispositivo de papelão com furo, através do furo que o olhar pampeano cria/descobre o que é o pampa. O olhar largo, longínquo do pampa através de suas planuras brinca com o espaço reduzido do furo no papelão e foca o olhar não só nas paisagens naturais, mas também nas paisagens culturais e recheadas de saberes do cotidiano dos estudantes.
. Figura 54. Dispositivo de papelão para tirar a fotografia.
Fonte: Arquivo pessoal, 2024
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Figura 55. Exposição “Olhares Pampeanos” (6º e 7º ano)
Fonte: Arquivo pessoal, 2024
Exposição “Saberes pampeanos” (Turmas: 8º e 9º ano)
Os estudantes realizaram um movimento de escrita sobre os saberes pampeanos, contaram com suas palavras sobre a lida campeira, a doma, o conhecimento sobre a raça do cavalo crioulo, sobre o plantio de erva mate e também sobre o conhecimento ancestral das benzedeiras. Os saberes pampeanos são importantes para a manutenção da cultura gaúcha, assim como nas relações entre as pessoas e o pampa no convívio diário.
Figura 56. Exposição “Saberes Pampeanos” (8º e 9º ano)
Fonte: Arquivo pessoal, 2024
Figura 57. Exposição “Olhares Pampeanos” e “Saberes Pampeanos” (séries finais)
Fonte: Arquivo pessoal, 2024
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse projeto terá continuidade até o final do ano letivo de 2024, mas já avaliamos a sua importância principalmente por que os estudantes se envolveram de forma significativa em todas as oficinas, palestras, excursões e exposições, valorizando a cultura e os saberes pampeanos, sensibilizando assim a sua forma de viver e ser no pampa, afirmando sua identidade e seu pertencimento a este território.
REFERÊNCIAS
LARROSA, Jorge. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Tradução de João Wanderley Geraldi. Revista Brasileira de Educação, n. 19, jan./abr. 2002. Disponível em: http://educa.fcc.org.br/pdf/rbedu/n19/n19a03 . Acesso em: 23 ago. 2021.
LEON, F.; SAPPA, A.; VILLALBA, J.; SCHLEE JR, J. M.; Schlee, J. C.P.;
PRIGIONI, C. Aportes sobre la presencia del tucan grande Ramphastos toco (Piciformes: Ramphastidae) en el Uruguay y en el sur de Rio Grande do Sul, Brasil. Uruguay: Acta Zoológica Platense, v.3, p.1 - 13, 2020.
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Registros de la presencia de Yaguarundí (Puma yagouaroundi) (Mammalia: Felidae) en el Uruguay y en el Sur de Rio Grande del Sur, Brasil. Uruguay: Acta Zoológica Platense, v.3, p.1 - 7, 2020.
SCHLEE, Aldyr Garcia. Dicionário da Cultura Pampeana Sul-Rio- Grandense. Pelotas/RS: Fructos do Paiz, 2019a. 992p.
SCHLEE, Juliana Corrêa Pereira. Mulheres, Pampa e Natureza: um olhar para a educação ambiental. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal do Rio Grande, Instituto de Educação, Programa de Pós-graduação em Educação Ambiental (PPGEA). Rio Grande, RS, 2019b.
SCHLEE, Rodrigo Lobato; SOUZA, Fernanda Valente de. Guasqueiro: a arte gaúcha do couro no apero crioulo. Pelotas/RS: Fructos do Paiz, 2022.
SUERTEGARAY. M.A. & SILVA, L.A. PIRES DA. Tchê Pampa: histórias da natureza gaúcha. Campos Sulinos – conservação e uso sustentável da biodiversidade. Valério de PattaPillar...(et al.)Editores – Brasília: MMA, p. 42- 59, 2009.

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