Prêmio Praticas Pedagógicas 2022- Categoria Anos Finais

 


PROJETO PRÁTICAS PEDAGÓGICAS- CATEGORIA ANOS FINAIS

PROJETO 1:

    Desenvolvendo temas transversais da educação a partir da produção de conteúdos digitais

    Professor Luis Felipe Crespi Dias- E.M.E.F. Padre Libório Poersch

II  - INTRODUÇÃO

 

O presente projeto intitulado Desenvolvendo temas transversais da educação a partir da produção de conteúdos digitais vem sendo proposto e desenvolvido na Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Libório Poersch, em parceria com os alunos dos anos finais do ensino fundamental, com ênfase nas turmas do sétimo ano A, sétimo ano B, Oitavo ano A, oitavo ano B, nono ano A e nono ano B.

O projeto visa produzir conteúdos digitais com foco em temas transversais da educação, tais como saúde, cidadania, cultura, ética, pluralidade, diversidade, respeito e tolerância.

Todo o material é de autoria dos alunos, produzido a partir de conteúdos , debates, rodas de diálogo, discussões orientadas e seminários desenvolvidos ao longo das aulas da disciplina de Cultura, Saberes e Cidadania.


III  - JUSTIFICATIVA

A partir da modernização de espaços, ferramentas e práticas educacionais, profissionais da educação devem trabalhar por uma transformação cada vez mais profunda e efetiva no processo de ensino e aprendizagem.

Essa transformação é um processo nascido e desenvolvido dentro de cada espaço de aprendizagem, baseado em uma mudança de hábitos e paradigmas estabelecidos nas relações diárias entre alunos e professores.

A chegada da Base Nacional Comum Curricular deixa ainda mais evidente a necessidade de trazer a tecnologia para dentro da realidade das escolas. Segundo a BNCC, os estudantes devem desenvolver ao longo da Educação Básica a competência para:

 

Compreender e utilizar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares), para se comunicar por meio das diferentes linguagens e mídias, produzir conhecimentos, resolver problemas e desenvolver projetos autorais e coletivos.

 

Levando em conta o exposto acima se viu a necessidade e a possibilidade de colocar em prática essa transformação e pautá-la nos temas transversais da educação.


 

IV  - OBJETIVOS

O objetivo da proposta, é criar um espaço de diálogo e debate sobre temas transversais da educação, promovendo o enriquecimento cultural e humano dos educandos, a partir do uso de ferramentas e conceitos de plural interesse dos discentes.

Embora integrados ao meio digital e suas nuances culturais, nem todos os educandos possuem conhecimento de produção de conteúdo digital, ou até mesmo acesso aos mesmos.

Assim sendo, o presente projeto visa também, criar mecanismos de compartilhamento de idéias e conhecimentos entre os próprios alunos, que se transformam em agentes diretos no processo de ensino-aprendizagem, atuando como multiplicadores de saberes e experiências.


 

V  - DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA

Quando se pensa em aplicação prática de novas tecnologias na educação, logo surgem limitações técnicas e de ordem estrutural, que interferem na incorporação de tais tecnologias.

A realidade das escolas ainda é distante do ideal, mas espaço para inventividade e adaptação.

Nesse contexto, este projeto utiliza mídias e ferramentas que fazem parte do cotidiano dos alunos, como smartphones e tablets.

Essas ferramentas oferecem um vasto horizonte de debate para os temas transversais da educação, tais quais ética, pluralidade étnica e cultural, respeito às diversidades e orientação sexual, meio-ambiente, justiça, solidariedade entre outros. O uso de smartphones pode trazer grandes benefícios ao ensino, entretanto, é necessário escolher aplicativos e softwares adequados e uma metodologia que tire proveito das características positivas dessa mídia.

Nesse sentido, o projeto foca no uso educativo de mídias e tecnologias, que por vezes, estão desassociadas do senso comum de educação.


VI  - METODOLOGIA

Seguindo a proposta pedagógica da disciplina de Cultura, Saberes e Cidadania de:

 

 

Buscar desenvolver no educando valores e a construção do conhecimento, valorizando os temas pertinentes a prática social,

estabelecendo relações com as suas vivências, traçando estratégias para o convívio e a construção de uma sociedade e, preparar o educando para os desafios de uma sociedade que sofre transformações, instigando a criticidade e o enfrentamento a estes desafios de maneira clara e expressiva através da autonomia e organização do pensamento e dos saberes compartilhados.

 

O projeto Desenvolvendo temas transversais da educação a partir da produção de conteúdos digitais vem sendo conduzido de forma que os educandos tenham autonomia sobre o processo criativo e no desenvolvimento dos conteúdos.

Ao longo do ano letivo, a disciplina de Cultura, Saberes e Cidadania vem sendo desenvolvida seguindo três principais eixos temáticos: a Cultura, os Saberes, sejam individuais e/ou coletivos, e a Cidadania e seu desenvolvimento para a vida em sociedade.

Assim sendo, os materiais digitais são produzidos pelos alunos seguindo esses eixos temáticos, com um tema norteador pontual, que tenha relação com situações do cotidiano dos jovens, da escola, ou da sociedade em geral.

Os alunos são orientados pelo professor, que conduz o debate acerca dos temas que serão trabalhados, e atua como moderador desse debate, e da formação dos grupos de trabalho.

Embora existam casos em que os educandos prefiram desenvolver a atividade sozinhos, os alunos têm autonomia para formar seus grupos de trabalho, e estabelecerão o cronograma interno do grupo, bem como a divisão das tarefas entre os membros.

O professor então, sugere um tema norteador, cria as bases metodológicas a serem seguidas, e estabelece um cronograma a ser seguido pela turma.

Os vídeos, podcasts, e demais materiais produzidos, são compartilhados diretamente com o professor, finalizados e editados pelos alunos. Esse compartilhamento se dá, principalmente, via e-mail ou whatsapp.


O professor apenas recebe os materiais, não fazendo nenhum tipo de pós-produção, sendo assim, todos os conteúdos são produzidos integralmente e somente pelos próprios educandos.

A posteriori, todo o material produzido pelos alunos, será compartilhado em uma rede social gerida e moderada pelo professor responsável, a fim de que todos os alunos consumam e comentem sobre os trabalhos dos colegas.


VII  - REFERENCIAL TEÓRICO

 

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular - Educação é a Base. Disponível em:

<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/>.

 

 

MARCUSCHI, Luiz A. O hipertexto como um novo espaço de escrita em sala de aula. Linguagem e Ensino. Rio Grande do Sul, 2001. v.4, n. 1, p. 79-111.

 

MENESES, A. S. de J.; LINHARES, R. N. Projeto aula digital: as tdic na prática pedagógica do ensino fundamental. Educação em Foco, [S. l.], v. 27, n. 1, p. 27004,                     2022.         Disponível                                               em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/edufoco/article/view/35876. Acesso em: 13 ago. 2022.

 

Nova    Escola.    Os    alunos   como    produtores    de    conteúdo.   Disponível   em:

<https://novaescola.org.br/conteudo/4679/os-alunos-como-produtores-de-conteudo>

. Acesso em: 13 ago. 2022.

 

 

PEREIRA, N. R. Novas mídias e produção de conteúdos digitais educativos.

Disponível                                                                                                                            em:

<https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/931816/1/midias.pdf>. Acesso em: 13 ago. 2022.


VIII  - CONSIDERAÇÕES FINAIS

A produção de conteúdo digital nas escolas, como parte do currículo regular, é algo ainda novo e desafiador, tanto para educandos como para educadores.

A diversidade de ferramentas tecnológicas, é proporcional às dificuldades de se integrar tais ferramentas no cotidiano escolar, porém, se faz necessário avançar pelo caminho da introdução da tecnologia na educação.

O presente projeto, faz parte desse processo de incorporação gradual e contínua de novas ferramentas na educação.

Propõem uma parceria educando-educador, visando a troca de idéias e conhecimentos, e tirando proveito do interesse dos discentes pelas tecnologias ligadas a aplicativos sociais e smartphones.

A internet e seus desdobramentos, são realidade na sociedade e no contexto dos educandos, então a escola deve saber como lidar com todo o potencial dessas ferramentas, tirando o melhor proveito das mesmas, em busca de qualificar a educação e auxiliar na formação cidadã dos educandos.


ANEXOS:









PROJETO 2


DISCUTINDO A POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA.

    Autor: Professor Igor Galho Teixeira.

     E.M.E.F. Padre Libório Poersch

Introdução

Este projeto foi realizado com as turmas do ano do ensino fundamental da Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Libório Poersch, da cidade de Herval/RS, durante as aulas de Ciências no decorrer de três semanas, de 12/05 até 02/06 de 2022, em que abordamos a temática da poluição atmosférica.

Nestes dias de aula, foram realizadas várias propostas pedagógicas para que o professor pudesse atingir os objetivos propostos no projeto. No decorrer deste texto iremos apresentar todas as etapas deste projeto.

 

Justificativa:

De modo geral, podemos compreender que a poluição atmosférica causada pelo ser humano é muito agressiva ao planeta terra, causando a diminuição da camada de ozônio que protege nosso planeta dos raios cósmicos, bem como as toxinas prejudiciais para a nossa saúde misturadas com o ar que respiramos, dentre tantas outras. Neste contexto tornasse imprescindível tratarmos deste assunto em sala de aula, para que possamos fazer com que nossos alunos entendam as causas desta poluição e compreendam certas ações possíveis para diminuir esta emissão.

 

Objetivos:

O objetivo geral deste projeto foi à conscientização dos estudantes sobre a “poluição atmosférica”. Para que pudéssemos discutir os malefícios da poluição em nosso planeta e as causas percebidas em nosso dia a dia. Trazendo também para nos ajudar neta tarefa, três objetivos específicos. O primeiro foi buscar compreender as causas da poluição, trazendo uma contextualização geral de todas as causas prováveis. O segundo foi objetivar as causas da poluição atmosférica no planeta terra, para que pudéssemos perceber o quão horrível tornasse para o nosso planeta a emissão de gases tóxicos. E por fim, o terceiro objetivo específico foi entender como podemos diminuir os gases tóxicos, para que as turmas tivessem opinião formada de como poderiam auxiliar o meio ambiente diminuindo a emissão de gases poluentes e também que conseguissem identificar as suas ações em combate à poluição.


Delimitação do Problema:

 

Este projeto surgiu através da exigência contida na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) de trabalharmos este conteúdo, o que levou ao professor planejar meios para que possa chegar até os alunos à compreensão necessária deste tema. Somando todas as notícias que recebemos diariamente sobre gases tóxicos e poluição dos carros, com as vivências dos alunos cotidianamente emitindo poluição na atmosfera sem perceber, foi que nasceu este projeto, para que possamos juntos destrinchar todas as causas da poluição e conhecer possibilidades para diminuir.

 

Metodologia:

Este projeto percorreu alguns caminhos para que pudéssemos, o professor e as duas turmas de sétimo ano do Ensino Fundamental, estabelecer reflexões em sala de aula sobre a importância do ar para vida na terra, para isso, foi feito uma aula expositiva onde o professor apresentou o tema e o conteúdo, trazendo como base a apostila da Iônica, produzida pela FTD Educação, onde trabalhou os textos e exercícios em sala de aula. A seguir, foi proposta uma discussão com os alunos, em que o professor respondia as questões trazidas pelos alunos, bem como os próprios estudantes realizavam reflexões a cerca da poluição do ar e como ela é prejudicial para os seres vivos, além de formas de diminuir esses gases tóxicos lançados na atmosfera. Por fim, após essas aulas expositivas e dialogadas, foi proposto para as duas turmas que realizassem uma exposição, onde as turmas foram divididas em grupos, e cada grupo de alunos apresentou seu trabalho em forma de exposição explicando como ocorre a poluição atmosférica de acordo com a cena trazida por eles em forma de maquetes, e alguns grupos realizaram experiências químicas para dar “vida” a sua maquete. Para o processo de avaliação deste projeto, foi proposto realizar exercícios em sala de aula e prezar também pela participação nas discussões, culminando na apresentação do trabalho final.


 

Referencial Teórico:

Alguns estudos acerca do tema da poluição do ar existem para compreender como essa poluição pode ser nociva a saúde humana, pois como Gouveia et al (2003, p 30) afirma que   “os efeitos nocivos da poluição do ar vêm sendo mais claramente vivenciados desde a primeira metade do século passado”. Através dos tempos podemos perceber mais claramente o aumento desta poluição, partindo deste princípio, podemos constatar também os perigos para a saúde humana, assim como Arbex et AL (2012, p 644), “devido à grande área de contato entre a superfície do sistema respiratório e o meio ambiente, a qualidade do ar interfere diretamente na saúde respiratória”, o que torna este estudo cada vez mais necessário.

De acordo com Arbex et AL (2012, p 652), “a exposição aos poluentes do ar é um fator de risco para os seres humanos desde a gestação”, com este pensamos é constatado que com o aumento da emissão de gases tóxicos na atmosfera o ar que respiramos não é mais puro, contendo certos poluentes que podem ser prejudiciais a nossa saúde.

 

Considerações Finais:

Ao término do projeto, concluímos que as turmas compreenderam o mal que esses gases tóxicos lançados na atmosfera trazem para o planeta, como eles são prejudiciais à vida na terra e como podemos diminuir com ações individuais e coletivas.

De modo geral, através da atividade final deste projeto, foi possível constatar que os alunos compreenderam direitinho as conseqüências desta poluição e métodos de diminuir a emissão de gases tóxicos. Tornando nosso objetivo alcançado.


Referências

 

 

Arbex MA, Santos UP, Martins LC, Saldiva PHN, Pereira LAA, Braga ALF. A poluição do ar e o sistema respiratório. J Bras Pneumol. 2012; 38(5): 643 - 655.

Gouveia, N; Mendonça, G A S; Leon, A P; Correia, J E M; Junger, W L; Freitas, C U; Daumas, R P; Martins, L C; Giussepe, L; Conceição, G M S; Manerich, A; Cunha-Cruz, J. Poluição do ar e efeitos na saúde nas populações de duas grandes metropóles brasileiras. Epidemiologia e Serviços de Saúde 2003; 12(1) : 29 – 40.


ANEXOS:


(Grupo 1 ano A – A casa)


(Grupo 2 – 7° ano A – Vulcão em erupção, uma experiência química realizada pelos alunos em sala de aula e filmada)



(Grupo 3 ano A A fábrica)




(Grupo 4 ano B Gases tóxicos)


(Grupo 5 ano B Fumaça dos cigarros)

(Grupo 6 ano B Fogão a lenha)



PROJETO 3


MEMÓRIAS DA CAROLINA

    

Professor Dário Milech Neto

  Escola Municipal de Ensino Fundamental Carolina Anália Morais Sais

Introdução:

 

O presente projeto educacional intitulado “Memórias da Carolina” nasceu da necessidade do corpo docente escolar em fazer um “resgate/construção” da   história e, sobretudo, da(s) memória(s) da E. M. E. F. Carolina Anália Morais Sais.

A Escola Carolina Sais foi implantada no final da década de 1990 na região que hoje é conhecida como “Assentamento Bamburral”. Era o período em que os assentamentos, como o citado, se estabeleciam com maior força no campo, na zona rural de Herval, assim como em outros municípios da região.

Desde então, os docentes que passaram pelo colégio enfrentaram diversos desafios logísticos (pois é uma das escolas mais distantes da sede de Herval), e pedagógicos, visto que a educação no campo possui suas peculiaridades, exigindo adaptação e um maior entendimento da realidade (e das necessidades) dos alunos que moram naquela região.

Assim, o projeto busca ouvir, gravar e reproduzir as narrativas não só de professores, mas também dos demais funcionários envolvidos na trajetória da escola, de forma a conseguir registrar a(s) memória(s) daqueles que atuaram e pensaram a educação durante esse período de tempo até os dias atuais. Com isso, busca-se uma problematização e entrecruzamento dessas narrativas na busca de uma possível identidade (ou múltiplas identidades) do colégio.


Justificativa:

 

Ao longo da história, as narrativas foram importantes para toda e qualquer sociedade. Da mesma forma, consideramos que as narrativas sobre os espaços de educação deveriam ser valorizadas, por recontarem o entendimento humano da trajetória de uma determinada instituição do saber.

Porém, não estamos falando apenas de um local de educação, mas, também, da vida de pessoas que ali atuaram: “A narração da própria vida é o testemunho de mãos eloquentes dos modos que a pessoa tem de lembrar. É a sua memória (BOSI, 2003, p. 68)”.

Memória é um conceito-chave nas ciências humanas. É através da narrativa que a memória ganha algum determinado sentido e é repassada. Mas, o que seria, afinal, a memória? O historiador Jacques Le Goff escreveu:

Fenômeno individual e psicológico, a memória liga-se também à vida social. Esta varia em função da presença ou ausência da escrita e é objeto da atenção do Estado que, para conservar os traços de qualquer acontecimento do passado (passado/presente), produz diversos tipos de documento/monumento, faz escrever a história, acumular objetos. A apreensão da memória depende deste modo do ambiente social e político: trata-se da aquisição de regras de retórica e também da posse de imagens e textos que falam do passado, em suma, de um certo modo de apropriação do tempo (LE GOFF, 2007, p. 419).

 

No que concerne à memória escolar (no caso, dos atores que atuaram em uma instituição de ensino), podemos citar que ela cria coesão, uma “identidade” de grupo, particular, que molda o ambiente de trabalho. Memória e identidade estão entrelaçadas: “A memória é um elemento essencial do que se costuma chamar identidade, individual ou coletiva, cuja busca é uma das atividades fundamentais dos indivíduos e das sociedades de hoje, na febre e na angústia (LE GOFF, 2007, p. 469)”.

As narrativas desses atores, como as dos docentes, podem ser contrapostas e verificadas em conjunto com o que denominamos como patrimônio escolar. E é sobre isso que a pesquisadora Zita Possamai se debruçou intelectualmente:

Além da edificação, bem cultural de maior vulto, são inúmeras as instituições escolares que guardam acervos


de diversos tipos: mobiliário, cadernos escolares, manuais e materiais didáticos, entre outros. Não raras vezes essas coisas materiais, escritas e visuais formam memoriais, acervos e museus escolares. A constituição desses espaços também tem uma historicidade que merece ser pesquisada, pois expressa a relação da escola e dos sujeitos envolvidos com o seu passado e com o passado da educação. Quem guardou e por que guardou? Quais os valores atribuídos para guardar esses objetos e não outros? Quais as apropriações dos sujeitos da escola com esses espaços? Essas possibilidades apontam que o passado da educação ganha contornos de apropriação social diversa no presente, por isso a preservação de edificações e acervos escolares. Caberia transformar os usos, as construções e apropriações dessa memória em objeto de investigação da história da educação (POSSAMAI, 2012, p. 117).

 

As salas, a estrutura predial, o pátio, livros etc.: tudo isso faz parte do bojo de objetos/lugares que evocam memórias, sobretudo espaços que foram modificados ou que, por exemplo, sequer existem mais. Todos esses detalhes que poderão aparecer nas narrativas ajudariam a entender que a escola não foi construída “da noite para o dia” ou que esteve sempre ali, tal como é atualmente. Outro ponto interessante a ser considerado é o contraponto entre as memórias/narrativas que irão ser contadas. Algumas com divergências ou com questões complementares em relação às outras. E isso é perfeitamente normal: basta citarmos que a memória, mesmo individual, é sobretudo coletiva, como

salientou um dos grandes pensadores do tema, Maurice Halbwachs (1993).

A pesquisadora Vivian Lobato (2014), citou essa relação memória/espaço:

Halbwachs (1993) trabalhava a relação entre a memória e o espaço, entendendo este último como condição fundamental para o equilíbrio mental e para certa sensação de segurança. Os lugares, no caso desta pesquisa, a escola como espaço físico, despertam evocação das quais brotam histórias de vida (LOBATO, 2014, p. 73).

 

Além do mais, a memória é poder e pode ser antagonista de versões oficiais de memória/história, como pontuou Le Goff:

“as recordações familiares, às histórias locais, de clã, de famílias, de aldeias, às recordações pessoais [...], a todo aquele vasto completo de conhecimento não-oficiais, não- institucionalizados, que ainda não cristalizaram em tradições formais [...] que de algum modo representam a


consciência coletiva de grupos inteiros (famílias, aldeias) ou de indivíduos (recordações e experiências pessoais), contrapondo-se a um conhecimento privatizado e monopolizado por grupos precisos em defesa de interesses constituídos (LE GOFF, 1977, p. 477)”.

 

Por fim, acreditamos que as entrevistas com as narrativas dos agentes que atuaram na Escola Carolina Sais se encontram justificadas no projeto. Criaremos, assim, uma forma de problematizar as múltiplas identidades presentes naquele espaço e, por consequência, dar visibilidade para uma instituição de ensino rural. Salvaguardar a memória/história. Afinal, as políticas públicas errôneas, o desconhecimento sobre patrimônio escolar e o êxodo rural podem colocar em xeque a sobrevivência dessa e outras instituições de ensino.


Objetivo específico:

 

Ajudar a salvaguardar a memória (e, assim, a história) da E. M. E. F. Carolina Anália Morais Sais.


Metodologia:

 

Serão realizadas entrevistas com pessoas escolhidas pela comunidade escolar. Essas pessoas poderão ser desde ex-secretários, diretores, serventes, cozinheiros, zeladores, motoristas, monitores e demais cargos que possam existir ou terem existido na escola.

Essas entrevistas serão gravadas com gravador digital ou câmera digital. Elas poderão ser realizadas no formado presencial ou online, como as chamadas “lives” na página da escola E. M. E. F. Carolina Anália Morais Sais.

Para cada entrevista será feito um estudo sobre a trajetória profissional da pessoa entrevistada para, assim, serem elaboradas perguntas pertinentes ao interesse tanto do entrevistado quanto do entrevistador, sempre tendo como foco a atuação do entrevistado na escola em questão.

Para fins jurídicos e de direitos autorais, será adotada a metodologia da História Oral, que exige uma entrevista sem um roteiro tão definido, a transcrição dessa entrevista, a leitura pelo entrevistado e a cedência dos direitos da entrevista através de um termo de cessão.

A metodologia foi a explanada por Verena Alberti (2010), que assim define o trabalho com essa ferramenta:

A história oral é uma metodologia de pesquisa e de constituição de fontes para o estudo da história contemporânea surgida em meados do século XX, após a invenção do gravador a fita. Ela consiste na realização de entrevistas gravadas com indivíduos que participaram de, ou testemunharam, acontecimentos e conjunturas do passado e do presente. Tais entrevistas são produzidas no contexto de projetos de pesquisa, que determinam quantas e quais pessoas entrevistar, o que e como perguntar, bem como que destino será dado ao material produzido (ALBERTI, 2010, p. 155).

 

Por fim, cabe salientar aqui que a História Oral geralmente é aplicada em projetos de pesquisa que visam a problematização de um determinado tema, algo que não é o objetivo desse projeto. Obviamente, acreditamos que seria importante que, posteriormente, algum(a) pesquisador(a) possa utilizar o material que será produzido, em alguma futura pesquisa acadêmica com suas hipóteses e problemas sobre a educação no campo.


Documentos Comprobatórios:

 

- Entrevista realizada com a professora Nivia Silva de Paiva.


Disponível em: <https://fb.watch/e_CMOsEdhV/>. Acesso em: 10 de junho de 2022.

Conversa da professora Nivia Paiva com a turma de anos iniciais.



Instalada   placa    com    a    fotografia   de Carolina Sais



Mural com fotografias e linha do tempo da história da escola



Referências Bibliográficas:

ALBERTI, Verena. Fontes Orais. História dentro da História. In: PINSKY, Carla Bassanezi (org.). Fontes Históricas. São Paulo: Contexto, 2010, p. 155-202.

BOSI, Ecléa. O tempo vivo da memória: ensaios de psicologia social. São Paulo: Ateliê, 2003.

 

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 1993.

 

 

LE GOFF, Jacques. História e Memória. ed. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 2008. 544 p.

 

LOBATO, Vivian S. Educação, memória e história: possíveis enlaces. Margens

(UFPA), v. 6, p. 71-82, 2014.

 

POSSAMAI, Zita R. Patrimônio e história da educação: aproximações e possibilidades de pesquisa. História da Educação (UFPel), v. 16, p. 127-139, 2012.


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